Falar inglês é fundamental na TI?

Em Carreira por Jonathan Maia

Há quatorze anos atrás, no meu primeiro dia da faculdade de Ciências da Computação, fui surpreendido com as bibliografias de duas disciplinas: os livros recomendados pelos professores eram em inglês. Mas tudo que eu conhecia de inglês era o que tinha estudado para o vestibular, ou seja, o básico do básico. 

Já estagiando, quando comecei a fazer buscas sobre manuais de equipamentos (na época, trabalhava com infraestrutura) ou linguagens de programação, a dificuldade era a mesma: TUDO em INGLÊS. E agora?

Você sabia que várias certificações de TI só estão disponíveis em inglês? E que, das disponíveis em português, várias tem uma péssima tradução? Você sabia que para acompanhar as atividades dos principais ícones do mundo da tecnologia você terá que, pelo menos, dominar o inglês passivo (ler e escutar) ?

Você sabia que os manuais das principais linguagens de programação e APIs só estão disponíveis em inglês? Uma das tecnologias que está crescendo bastante no Brasil é o aprendizado de máquina (machine learning): os melhores cursos sobre o assunto só estão disponíveis em inglês.

Desespero

Sim, meus amigos, no início foi muito difícil, mas hoje agradeço pelas  experiências desesperadoras no início da graduação. Assim que comecei a receber algum dinheiro dos estágios, me matriculei em um curso de inglês, passei a fazer leituras técnicas diárias e, após alguns meses, já estava conseguindo entender quase tudo que lia.

Com o tempo e mais alguns anos de estudos, além do inglês passivo (ler e escutar), o inglês ativo (falar e escrever) passou a fazer parte da minha rotina, abrindo portas para um mundo novo de possibilidades.

Poder fazer cursos de TI em inglês nos dá acesso aos melhores instrutores do mundo em determinado assunto. Se você sonha em trabalhar fora do país, não preciso nem dizer o quanto o inglês (e quem sabe o francês) são fundamentais: as entrevistas, de praxe, serão em inglês.

Mas o que eu poderia ter feito para acelerar meu aprendizado ? E você, como pode ter um retorno mais rápido, em especial em relação à leitura de materiais em inglês? Para nos responder essas e outras dúvidas, convidei o Joshua Smith para nos dar alguns atalhos sobre o aprendizado a língua inglesa.

O Joshua Smith é fundador da escola online Hi-Tech English School, que é especializada em aulas particulares com professores nativos, é instrutor de vários cursos na Udemy, além de consultor para profissionais de diversas áreas, sendo a maioria das engenharias e tecnologia. Ele mora no Brasil desde 2004, possui cinco livros publicados e é especialista em técnicas de memorização e em cognatos (aquelas palavras que são muito parecidas no português e no inglês).

Joshua Smith

Joshua Smith

Joshua, inicialmente, gostaria de lhe agradecer pela disponibilidade. Nos seus vários anos como professor e consultor, o que é mais difícil para os profissionais de tecnologia ao aprender a língua inglesa? Você acha que eles têm mais facilidade ou mais dificuldade que profissionais de outras áreas?

Obrigado pelo convite, Jonathan.

A parte mais difícil para os profissionais de TI, e para todos que querem aprender inglês, é o tempo que leva para alcançar o nível desejado de inglês: não acontece da noite para o dia.

Os profissionais de TI provavelmente têm mais facilidades devido à obrigação de estar em contato com o idioma.

Em nossa última conversa, você comentou que a forma tradicional de ensino de inglês (com foco em gramática e usando a gramática para apresentar palavras) não é a mais efetiva. Que estratégia de aprendizado você sugere para nossos leitores?

Com certeza não é a mais eficiente.

A maneira tradicional leva muito tempo: unidade 1, unidade 2, unidade 3, livro 1, livro 2 (estes livros são caros), inglês básico, inglês intermediário, (repetir curso intermediário), inglês intermediário superior, vocabulário inútil como borracha, lápis, girafa, etc.

É muito chato. Os resultados são lentos. As matrículas e mensalidades são caras: a maioria das pessoas simplesmente desistem.

Para ser totalmente honesto, odeio essa metodologia.

Da minha experiência, eu diria que pelo menos 95% das pessoas que começam a estudar inglês nas escolas tradicionais pararam antes de alcançar o nível desejado, e dos 5% restantes, apenas 2% alcançam o objetivo de falar inglês fluente.

Cursos Tradicionais

Cursos Tradicionais

Que estratégia de aprendizado você sugere para nossos leitores?

Quando estamos aprendendo um novo idioma, todos estão procurando o mesmo “segredo”:  o caminho mais rápido e barato. A melhor estratégia é a mais rápida, barata e divertida!

Depois de viajar e viver em 12 países diferentes da América Latina nos últimos 15 anos, aprender espanhol e português, e ensinar inglês no Brasil há mais de 10 anos, tenho 100% de certeza que descobri esse caminho para línguas românicas e inglês.

Sugiro começar por aproveitar (aprender e entender) todas as semelhanças que o português e o inglês têm em comum, principalmente os cognatos.

Há bem mais semelhanças que diferenças.

Isso acontece por causa das origens das línguas. Veja o vídeo gratuito “As Origens de Português e Inglês” no Curso de Inglês Entenda 25% em Minutos (Começando do Zero).

As escolas tradicionais não ensinam isso por causa das exceções, mas essas exceções são realmente insignificantes quando olhamos para o quadro geral: nas minhas aulas, eu ensino como lidar com elas. 

Em seguida, sugiro aprender as 10 palavras mais comuns na língua inglesa para que você possa entender (pelo menos) 50% de qualquer texto e os 10 sufixos que transformarão 5000 palavras do seu vocabulário em português para o inglês de maneira que você possa começar a falar inglês.

Depois, aumente as 10 palavras mais comuns para 100.

Nesse ponto, você compreenderá (pelo menos) 75% de qualquer texto.

Isso mesmo, 75% aprendendo 100 palavras!

Na minha opinião, os melhores professores nos ensinam a ser autodidatas. E é exatamente isso que eu faço: eu ensino você a ser autodidata para aprender  inglês. Meu objetivo é ensinar você a voar sozinho.

Meu objetivo é levá-lo do zero para entender (pelo menos) 75% de qualquer texto no menor tempo possível e divertindo-se ao fazê-lo.

Desta forma, você tem a liberdade de escolher quais materiais em inglês você deseja estudar e quando.

Se você estiver interessado em TI, leia, ouça e assista conteúdos sobre TI em inglês.

Você sabe o que acontece quando entendemos pelo menos 75% de qualquer texto em inglês?

Nossos cérebros naturalmente preenchem os espaços, deduzem os 25% restantes.

E na maioria das vezes dá certo!

Outra coisa que acontece quando estudamos conteúdos do nosso interesse: muitas vezes já conhecemos o vocabulário restante porque já tivemos contato com ele. E se não, conheceremos o vocabulário em breve devido à freqüência com que ele é usado e repetido.

Além disso, lembramos este novo vocabulário com muita facilidade porque estamos engajados.

Você vê como voará sozinho?

Voar

Vaaaaiiiii!!!!

É aqui que a motivação e a sinergia entram em jogo.

Por termos a liberdade e o conhecimento para escolher o material que mais nos interessa, ficamos altamente motivados para continuar aprendendo inglês e, ao mesmo tempo, aquilo que precisamos para nossas carreiras profissionais e hobbies.

Isso torna a aprendizagem divertida.

Sabemos que o que estamos aprendendo é realmente importante (e não palavras como estojo, janela, mesa, bola, tigre). Já podemos ver o retorno do nosso investimento.

A única coisa que está separando você dos seus objetivos em inglês são as 100 palavras mais comuns na língua inglesa. Usando o meu método, você terá 5.100 palavras disponíveis.

Quando você entender pelo menos 75% de qualquer texto (site, livro, filme, etc.), dominar 5.100 palavras em inglês, souber como conjugar verbos no presente, no passado e no futuro e souber como elaborar frases afirmativas, negativas e interrogativas gramaticalmente corretas, garanto que você voará sozinho.

Você costuma dizer que, só por sermos brasileiros, já ganhamos 25.000 palavras que são muito similares entre o português e o inglês (cognatos). Você poderia dar alguns exemplos de categorias de palavras nesse contexto ? Porque isso acontece?

25.000 palavras que são frequentemente usadas. Há muitos mais.

De novo, isso acontece por causa das origens das línguas.

Existem várias categorias, mas uma das que eu acho mais divertidas é a das “marcas”.

Por exemplo: Gillette, que é uma marca de lâminas de barbear. Em praticamente qualquer lugar do mundo, se você pedir uma Gillette, você receberá uma lâmina. Hoje em dia, Gillette é um cognato para lâmina. Nesse caso, acontece devido à globalização.

Gilette

Contudo, para a maioria das 25 mil palavras em inglês que os brasileiros reconhecem instantaneamente, isso acontece por causa das origens das línguas.

Uma informação muito interessante e que eu desconhecia completamente é que com apenas com 10 palavras e 10 sufixos conseguimos compreender aproximadamente 25% de qualquer texto em inglês.

Sim, as 10 palavras mais comuns em inglês compõem pelo menos 25% de qualquer texto.

Quando eu descobri essa estatística pela primeira vez, fiquei literalmente em estado de choque. Sério.

Naquela época, tinha passado um ano e meio tornando-me especialista em técnicas de memorização para ajudar meus alunos a aprender e memorizar o vocabulário bem mais rápido.

Meu mentor foi um dos principais especialistas em memória do mundo – Anthony Metivier.

Meus alunos e eu já estávamos aplicando essas técnicas ao vocabulário e gramática em inglês.

Para a maioria das pessoas, aprender uma nova palavra requer de 20 a 30 contatos com ela. Usando técnicas de memória, podemos reduzir esse número para 2 ou 3 vezes.

Mas há um porém: você precisa aprender as técnicas de memorização.

Então, temos que dar um passo para trás para dar 2 passos para a frente.

A longo prazo, definitivamente vale a pena, mas nem todos querem aprender ou usar técnicas de memória. É por isso que ensino técnicas de memória (para vocabulário e gramática em inglês) em um curso separado.

Por apenas 10 palavras, o método que todo mundo já conhece funciona muito bem: a repetição. Mas, muito importante, a repetição que é divertida!

Recomendo uma mistura de leitura, escrita, escuta e fala, e mostro exatamente como fazê-lo, mas, no final, é o aluno que escolhe o que ele prefere: isso é o melhor!

A respeito dos sufixos:

Ao lembrar de 10 sufixos, podemos transformar 5.000 palavras do vocabulário em português para o vocabulário em inglês.

Mais uma vez, eu estava em estado de choque.

Surpresa!

Surpreso!!

Eu aprendi e estava ensinando as técnicas de memorização para aprender e memorizar o vocabulário em inglês, palavra por palavra.

Você pode imaginar minha surpresa?

Apenas porque o português é o seu primeiro idioma, lembrando de apenas 10 sufixos você pode transformar 5000 palavras do português para o inglês (e vice-versa) !!!

Você quer falar sobre sinergia?

Este fato ainda me surpreende. É muito muito poderoso.

Sabe Jonathan, tenho que dar crédito onde ele é devido: tudo o que sei e ensino sobre cognatos e o poder dos sufixos aprendi com o principal especialista do mundo no assunto: Ruben Moran e seu livro “Cognate Linguistics” (com base em 20 anos de pesquisa na área).

O livro apresenta muitos fatos, mas não nos diz como implementá-los na aprendizagem de um idioma. Então é aí que entra minha experiência em ensinar inglês.

Além disso, agora que sou especialista em técnicas de memorização, não tenho dúvidas que aprender 100 palavras é uma tarefa completamente viável.

Você poderia dar alguns exemplos dessas 10 palavras e sufixos ? Como podemos aprender e lembrar (memorizar) essas palavras e sufixos o mais rápido possível?

Claro. Este link mostra as 100 palavras mais comuns na língua inglesa:

https://en.wikipedia.org/wiki/Most_common_words_in_English

Essa lista é nosso alvo.

Em meus cursos, priorizamos essas palavras: elas são usadas para introduzir a gramática. 

Sobre o aprendizado, cada aluno é diferente. A liberdade de escolher e fazer as coisas da maneira que você quer é muito importante para mim.

É por isso que te ensino como ler, escrever, ouvir e falar com este vocabulário.

E acho que quase todo mundo gosta do YouTube, então, depois de cada uma das minhas aulas em vídeo, há uma playlist com músicas famosas em inglês para que os alunos se divirtam e lembrem facilmente do vocabulário.

Muitas das músicas você já conhece dos filmes, rádio, etc.

Eu fiz a playlist com músicas famosas para facilitar a aprendizagem. Assim, se você preferir, tudo o que precisa fazer é ouvir as músicas algumas vezes para lembrar o vocabulário.

Ainda é uma boa ideia fazer frases de exemplo usando esse vocabulário no curso, porque isso torna o curso mais interativo e corrigirei a gramática se houver algum erro.

Assim, quando você precisar escrever e-mails em inglês, eles serão gramaticalmente corretos.

Para aqueles que querem usar técnicas de memória mais avançadas, disponibilizarei um curso em português sobre o assunto no segundo semestre de 2017. Já tenho um curso sobre esse assunto publicado em inglês com o especialista em memória Anthony Metivier.

Pelo que você sugere, é possível sair do zero para uma compreensão básica do que lemos com um esforço não tão exagerado. Esse é um sentimento que eu já havia ficado quando fui “forçado” na graduação a ler em inglês: em algumas semanas, já conseguia entender muita coisa. Com seus milhares de alunos, o quão comum é esse sentimento entre eles? É algo que gera surpresa, não é?

Sim, isso está absolutamente correto.

Eu gosto de pensar sobre o assunto assim: se você aprender uma palavra nova por dia, apenas uma, então, em 100 dias você compreenderá pelo menos 75% de qualquer texto em inglês.

10 das 100 palavras mais comuns em inglês são cognatas. Assim, só temos que aprender 90 palavras novas.

E algumas das 90 palavras que sobram você já conhece dos seus cursos de inglês na escola (verbo “to be” e pronomes para conjugar o verbo “to be”).

Agora, são menos de 90 palavras, provavelmente 60 ou 70.

Se você aprender 2 palavras por dia …  Bem, acho que você entendeu.

Matemática

Esta é uma tarefa bastante viável e pode ser realizada rapidamente.

Além disso, nos cursos, você tem meu apoio total se precisar de ajuda.

Com Youtube e Netflix, temos acesso a uma infinidade de vídeos e conteúdos em inglês, por muitas vezes, sem custos ou com custos baixíssimos. Como é possível utilizar essas ferramentas para potencializar nosso aprendizado? O que você sugere para seus alunos?

A minha parte favorita sobre esses recursos é que eles são divertidos. Sim, existem diversas vantagens ao aprender inglês com eles. E há tantas maneiras de fazê-lo.

Tudo depende do seu foco.

Às vezes, é divertido assistir filmes ou seriados em inglês (com ou sem legendas) e não pensar em nada: pura diversão.

Para a tarefa de aprender e memorizar as 100 palavras mais comuns, é melhor assistir a vídeos que possuam o vocabulário alvo, assim, vemos o vocabulário sendo usado em um contexto. Também aprenderemos frases, não apenas palavras.

Todos concordamos que é muito melhor aprender frases que palavras.

O que leva muito tempo, e quero dizer, muito tempo, é encontrar vídeos que tenham vocabulário específico que você deseja aprender neles.

Com seus milhares de alunos online, como você consegue prover uma ferramenta para que eles pratiquem o inglês ativo (falado e escrito)?

Para escrever, um dos exercícios ao final de cada vídeo aula é fazer uma frase afirmativa, negativa e interrogativa na seção de perguntas e respostas da plataforma Udemy, onde os cursos estão hospedados.

Se houver algum erro, eu corrijo a gramática.

A plataforma Udemy é muito “user friendly” para alunos e instrutores.

Também tenho um grupo fechado no Facebook para os alunos dos meus cursos em vídeo onde agendamos horários para falar inglês ao vivo.

A idéia do grupo é ter um lugar para que as pessoas com os mesmos objetivos se encontrem, façam network e melhorarem sua fluência, falando Inglês ao vivo com outros estudantes e comigo.

Sim, comigo também – ao vivo!

O grupo é um excelente recurso para os alunos dos meus cursos em vídeo.

Joshua, gostaria de te agradecer imensamente pela disponibilidade e generosidade por compartilhar um pouquinho dos seus conhecimentos acumulados em vários anos de estudos nas línguas portuguesa e inglesa. Você quer deixar alguma mensagem final para nossos leitores?

Obrigado, Jonathan.

Como você mencionou, para os profissionais de tecnologia, ler em inglês é uma tarefa essencial.

É por isso que estou extremamente confiante de que meus cursos de inglês são uma combinação perfeita para os profissionais de tecnologia: você ficará totalmente satisfeito com eles.

Eu te levo de zero até a compreensão de 75% de qualquer texto em inglês no menor tempo possível, a um preço muito acessível, e se divertindo.

Eu te ensino a ser autodidata em inglês, de maneira que você possa começar a estudar os assuntos que são mais importantes para você e sua carreira em TI.

Conclusão

E aí, pessoal ? Quantas dicas valiosas, ein?

Minha opinião final: dá para trabalhar com TI sem falar inglês? Até dá, mas você vai perder muiiiitaa coisa! Utilize os recursos e dicas apontados pelo Joshua! Não fique para trás, aprender inglês é mais fácil do que você imagina, ainda mais com a quantidade de recursos online e gratuitos que temos à nossa disposição!

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